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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

"Não haverá mais comboios na Linha do Tua devido à barragem"

Os comboios não voltarão a circular na Linha do Tua, considerou o administrador da CP Nuno Moreira, adiantando que a empresa não pretende assegurar "indefinidamente" transportes alternativos às Linhas do Corgo e Tâmega, que custam anualmente 221 mil euros.

"Do lado da Linha do Tua, é conhecida publicamente a situação da barragem e é uma situação que, a meu ver, é irreversível. Não haverá mais comboio na Linha do Tua devido à barragem", disse Nuno Moreira, à Lusa.

A CP é a responsável pela exploração comercial dos cerca de 60 quilómetros da última via férrea do Nordeste Trasmontano, entre Mirandela e o Tua, que se encontra encerrada há mais de dois anos, depois de quatro acidentes com outras tantas vítimas mortais. Durante este período, foi aprovada a construção da barragem de Foz Tua que submergirá 16 quilómetros da linha, cortando a ligação à rede nacional ferroviária.

Confrontado com estas declarações, o presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, considera que "já não são novidade nenhuma". O autarca, que sempre lutou contra a barragem, já dá o facto como consumado e que "a linha do Tua acabou tal como existia".

Segundo o autarca social-democrata, também o metro de Mirandela, que ainda circula, entre a cidade e Cachão, vai acabar dentro de "três a quatro anos", logo que esteja executado o plano de mobilidade.

Em troca da barragem, vão ser investidos 35 milhões de euros para criar um novo plano de mobilidade na zona, que implica um pequeno troço de via-férrea da estação do Tua ao paredão, um funicular, dois barcos para levarem os passageiros até à Brunheda e comboio até Mirandela.

No resto das linhas transmontanas, a viabilidade das linhas parece difícil. O administrador da CP responsável pelos serviços regional e de longo curso explicou que nas linhas do Corgo e Tâmega "foram encontradas deficiências" que obrigaram a obras estruturais.

A Refer - Rede Ferroviária Nacional concluiu que "não valia a pena estar a fazer remendos sobre as linhas", explicou Nuno Moreira, acrescentando que foi decidido encerrar as linhas, fazer uma reestruturação e moderniza-las.

"Agora cabe à Refer fazer as obras", avisou.

As linhas do Tâmega, entre a Livração e Amarante, e do Corgo, entre Vila Real e a Régua, foram encerradas para obras que, entretanto, foram suspensas para "reavaliação".

Sobre os transportes alternativos que a CP está a assegurar devido ao encerramento destas linhas, o administrador disse que a empresa "não tenciona manter indefinidamente" esta solução.

"Não faz sentido a CP estar a fazer serviço rodoviário e, por outro lado, tem de se ver se naqueles locais existem ou não concessionários rodoviários, ou seja, se se justifica estar a fazer aquele serviço", disse, referindo que os transportes alternativos só serão mantidos caso se conclua que são "essenciais à mobilidade das populações".

Na Linha do Tâmega, os serviços rodoviários entre Livração e Amarante representam um custo anual de 133.000 euros, enquanto na Linha do Corgo os serviços rodoviários Vila Real - Régua custam 88 mil euros por ano à CP, segundo dados da empresa.



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